"Estou
descrobrindo novas forças em mim, forças que, provavelmente, sempre estiveram
comigo, mas que não conhecia, porque até agora não tinha necessitado
utilizá-las. Não sei em qual das curvas do caminho perdeu-se a pessoa que eu
era antes. Agora, sou mais um dos incontáveis aventureiros (...) donos dos seus
destinos, da terra onde pisam, do futuro, de sua própria e irrevogável
dignidade. Depois de tê-los conhecidos não posso voltar a ser quem eu era
antes"(Isabel Allende)
Há, exatamente, 419 dias, peguei um avião, um avião que
sabia precisamente a trajetória a ser seguida. E eu tinha um esboço, um esboço
de um plano. Um plano com muitas dúvidas e poucas certezas, ainda bem. Aos
poucos, o plano foi se transformando diante dos meus olhos e por dentro de mim.
Foi como passar por um nascer denovo, nascer no novo. Confesso ter sido um período um tanto dolorido, um
tanto explosivo, um tanto de tantas coisas, mas depois daquele momento não
havia mais um criador e uma criação, pois eu já não enxergava mais as
fronteiras superficias e artificialmente colocadas, que um dia me fizeram acreditar que eram
reais. De repente não fazia mais sentindo planejar, ficou claro para mim, que o
mais importante era sentir o caminho, e confiar em mim mesma.
A partir daquele instante, a minha
viagem, que antes tinha um começo e um fim, passou a ser eterna, e percebo que
agora, não importa onde eu esteja, eu estarei sempre viajando, eu estarei
sempre vivendo, e sentindo o agora.
Sinto que aquele foi um momento em que
me permiti entender que não havia um ponto de chegada e/ou um ponto de partida,
afinal, sempre estamos nos transformando. Com essa compreensão, comecei a enxergar uma jornada mais surpreendente do que qualquer um dos meus
sonhos nunca dantes navegados, e que na verdade sempre esteve presente.
Pois é, dia 29 de março, completou um
ano que sai de São Paulo em direção à minha vida. Faz tanto tempo que não entro
no Blog, e faz tanto tempo que não escrevo por aqui. Já faz alguns dias que penso
em voltar a escrever nele, mas por um motivo ou por outro, acabei deixando para
depois, até agora.
Foi engraçado reler alguns dos posts
antigos ... quantos erros de digitação, quantos erros de português ... quanta
pressa e quanta vontade de registrar algumas das experiências que eu estava
vivendo naqueles momentos. Fico feliz, que mesmo sem muito tempo, consegui
colocar um pouco do que eu estava vendo, sentido e pensando ... mesmo que rápido,
mesmo sabendo que não teria tempo de reler e corrigir com calma aquilo que havia acabado
de registrar. No entanto, mesmo com tantos erros na hora transcrever cada
momento, ao ler os posts novamente, me lembrei dos meus sentimentos de cada
experiência.
Hoje, dedico meu post a um querido
amigo que me fez lembrar daquilo que nunca quis esquecer, e que me ajudou a acreditar
em algo que antes eu achava que era loucura da minha mente. Minha mente que tantas
vezes tentou traduzir em palavras aquilo que sempre seria indizível ... mas que o coração sempre consiguirá desvendar, com o devido cuidado e a devida atenção.
Afinal, qual é a diferença entre a partida e a chegada? Você que está sempre caminhando, não percebeu ainda que elas fazem parte da mesma
viagem, e que tudo depende do seu referecial? Um fim sempre significa a
oportunidade de um novo começo, e algumas vezes quando pensamos que estamos no
fim, ainda estamos apenas no início do meio. De onde vem esses limites? Quem nos
ensionou a colocarmos linhas tão precisas, fronteiras tão superficiais ao redor
de nossa complexidade amórfica?
Eu estou
aqui, e repito, eu estou aqui. Por mais que os mapas não consigam transcrever
as distâncias que nunca mudam dentro de nós, por mais que os mapas não consigam traduzir os
mapas que estão sempre sendo descobertos, por mais que os mundos estejam sempre
em movimento, eu estarei sempre aqui. E você sabe, o aqui não tem um endereço
para cartas, o aqui não pode ser descrito por latitudes ou longitudes, pois o
aqui é sempre aquele lugar que um dia descobrimos, e que depois de descoberto, é
impossível de se esquecer. Ás vezes, nos distânciamos, as vezes nos
silênciamos, mas sempre que for preciso, a chegada pode ser imediata, pois
sabemos que poucos segundos são necessários, e que durante o tempo de um abraço,
podemos nos transportar para qualquer lugar.
"Tenho em minhas mãos vazias o que é preciso para te abraçar" (JS)
Bons Ventos para todos nós!
Lu