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terça-feira, 22 de maio de 2012

419 dias




"Estou descrobrindo novas forças em mim, forças que, provavelmente, sempre estiveram comigo, mas que não conhecia, porque até agora não tinha necessitado utilizá-las. Não sei em qual das curvas do caminho perdeu-se a pessoa que eu era antes. Agora, sou mais um dos incontáveis aventureiros (...) donos dos seus destinos, da terra onde pisam, do futuro, de sua própria e irrevogável dignidade. Depois de tê-los conhecidos não posso voltar a ser quem eu era antes"(Isabel Allende) 

Há, exatamente, 419 dias, peguei um avião, um avião que sabia precisamente a trajetória a ser seguida. E eu tinha um esboço, um esboço de um plano. Um plano com muitas dúvidas e poucas certezas, ainda bem. Aos poucos, o plano foi se transformando diante dos meus olhos e por dentro de mim. Foi como passar por um nascer denovo, nascer no novo. Confesso ter sido um período um tanto dolorido, um tanto explosivo, um tanto de tantas coisas, mas depois daquele momento não havia mais um criador e uma criação, pois eu já não enxergava mais as fronteiras superficias e artificialmente colocadas, que um dia me fizeram acreditar que eram reais. De repente não fazia mais sentindo planejar, ficou claro para mim, que o mais importante era sentir o caminho, e confiar em mim mesma.

A partir daquele instante, a minha viagem, que antes tinha um começo e um fim, passou a ser eterna, e percebo que agora, não importa onde eu esteja, eu estarei sempre viajando, eu estarei sempre vivendo, e sentindo o agora. 

Sinto que aquele foi um momento em que me permiti entender que não havia um ponto de chegada e/ou um ponto de partida, afinal,  sempre estamos nos transformando. Com essa compreensão, comecei a enxergar  uma jornada mais surpreendente do que qualquer um dos meus sonhos nunca dantes navegados, e que na verdade sempre esteve presente.

Pois é, dia 29 de março, completou um ano que sai de São Paulo em direção à minha vida. Faz tanto tempo que não entro no Blog, e faz tanto tempo que não escrevo por aqui. Já faz alguns dias que penso em voltar a escrever nele, mas por um motivo ou por outro, acabei deixando para depois, até agora.

Foi engraçado reler alguns dos posts antigos ... quantos erros de digitação, quantos erros de português ... quanta pressa e quanta vontade de registrar algumas das experiências que eu estava vivendo naqueles momentos. Fico feliz, que mesmo sem muito tempo, consegui colocar um pouco do que eu estava vendo, sentido e pensando ... mesmo que rápido, mesmo sabendo que não teria tempo de reler e corrigir com calma aquilo que havia acabado de registrar. No entanto, mesmo com tantos erros na hora transcrever cada momento, ao ler os posts novamente, me lembrei dos meus sentimentos de cada experiência.

Hoje, dedico meu post a um querido amigo que me fez lembrar daquilo que nunca quis esquecer, e que me ajudou a acreditar em algo que antes eu achava que era loucura da minha mente. Minha mente que tantas vezes tentou traduzir em palavras aquilo que sempre seria indizível ... mas que o coração sempre consiguirá desvendar, com o devido cuidado e a devida atenção.

Afinal, qual é a diferença entre a partida e a chegada? Você que está sempre caminhando, não percebeu ainda que elas fazem parte da mesma viagem, e que tudo depende do seu referecial? Um fim sempre significa a oportunidade de um novo começo, e algumas vezes quando pensamos que estamos no fim, ainda estamos apenas no início do meio. De onde vem esses limites? Quem nos ensionou a colocarmos linhas tão precisas, fronteiras tão superficiais ao redor de nossa complexidade amórfica?

Eu estou aqui, e repito, eu estou aqui. Por mais que os mapas não consigam transcrever as distâncias que nunca mudam dentro de nós, por mais que os mapas não consigam traduzir os mapas que estão sempre sendo descobertos, por mais que os mundos estejam sempre em movimento, eu estarei sempre aqui. E você sabe, o aqui não tem um endereço para cartas, o aqui não pode ser descrito por latitudes ou longitudes, pois o aqui é sempre aquele lugar que um dia descobrimos, e que depois de descoberto, é impossível de se esquecer. Ás vezes, nos distânciamos, as vezes nos silênciamos, mas sempre que for preciso, a chegada pode ser imediata, pois sabemos que poucos segundos são necessários, e que durante o tempo de um abraço, podemos nos transportar para qualquer lugar.

"Tenho em minhas mãos vazias o que é preciso para te abraçar" (JS)

Bons Ventos para todos nós!

Lu

2 comentários:

  1. Parabéns Luiza, o que nos falta, nos ilude, nos confunde na razão, as vezes transborda no coração. É preciso sensibilidade para perceber, é preciso vivenciar para ser, é preciso não ser preciso..

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  2. Obrigada Paulo, fico feliz que minhas palavras tenham ecoado em você de alguma forma. Assim como escrevi acima, foi e ainda está sendo uma experiência intensa, cheia de muitos sentimentos, entendimentos e novos questionamentos, como eu acho que seja natural de qualquer processo de aprendizado e transformação, não é mesmo?

    Obrigada por compartilhar também suas palavras ;)

    Beijo

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